DESESPERANÇA – S.P. – 2009
Olá, como vai você?
Eu vou…
Tudo é tão evasivo
Queria descobrir a razão de estar vivo
Me desiludo com a vida nesse rame rame
De cozeres diários de ridículas ocupações
Tudo muito disperso, o mundo…
O universo com sua diversidade
Acaba sendo pouco para tanta especulação, tanta ejaculação…
Precocidade é a palavra destes tempos
Precisamos da síntese
Parece que a falta de fé que abateu nossos ancestrais
Também nos visita por vezes
Com o carinho especial de uma mãe possessiva
E, eu, fico à deriva…
Aí amaldiçoo a tudo e todos que me vem à lembrança
Desde tenra infância
Desde minha tomada de consciência nesta encarnação
Sou trágico e patético o sei
Como esdrúxula é a banal existência nestes tempos
Como vencer a vida se nem eu me levo à sério…
Passo pelos fatos,
Acontecimentos, realizações
Com a mesma distração de quem faz um footing
Há algo mais blasé?
…me dê um porquê
Por quem o sol nasce todos os dias
P/que todas essas maravilhas naufragando
P/que tanta preocupação com o que comer,
Como andar…com quem falar
Como vestir
Se a mim a vida só ri como uma hiena
Se a mim cabem as sobras dos sábios anfitriões
Deste grande circo montado à céu aberto
Protegido por muito vidro blindado
Essa dentadura aluminizada a dar bom dia todas as manhãs
Como se todos fossemos eleitos inteligentes e
Seus bem-sucedidos habitantes
Ora, ora,
Será que algum dia terei algo de verdadeiramente meu
Com o que ou de que eu possa me orgulhar
Um canto
Um santo para quem orar
Hoje já acho que não
Hoje só vejo a peleja da vida nua e crua na minha frente
Frente aos fatos que vertiginosamente se desenrolam
…e promessas não cumpridas
…promessas da vida
E promessas, desde que eu esteja fazendo a coisa certa
Porém essa coisa nunca é bem definida, mas muito defendida
Um eterno jogo de azar em que os dados são viciados
Onde um deus de caixa baixa dita regras aos seus groupies
Que também são absolvidos porque
Esses sim fazem a “coisa certa”
Que existência mais indigesta
Me fale algo
Algo que me tire desse poço em que me meti,
Desse enrosco,
Dessa desesperança.